quarta-feira, 22 de junho de 2011

Por Que Sou Agnóstico? — Parte VIII

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     Os teólogos sempre insistiram que seu Deus era o criador de todos os seres viventes; que as formas, partes, funções e cores dos animais eram expressão de sua imaginação, gosto e sabedoria; que os fez exatamente como são atualmente; que inventou barbatanas, pernas e asas; que os equipou com armas e proteções; que os fez em harmonia com o alimento e o clima, levando em consideração todos os fatos que afetam a vida.

     Eles insistiam que o homem era uma criação especial, desvinculado totalmente dos animais abaixo dele. Também afirmavam que todas as formas de vegetações atuais — desde os musgos até as florestas — são as mesmas desde sua criação.

     Homens de gênio, em sua maioria isentos de preconceitos religiosos, estavam examinando essas coisas, estavam procurando por fatos. Estavam examinando os fósseis de animais e plantas; as formas dos animais — seus ossos e músculos, os efeitos do clima e da alimentação, as estranhas modificações pelas quais haviam passado.

     Humboldt publicou suas dissertações repletas de grandes pensamentos, de esplêndidas generalizações, com sugestões que estimulavam o espírito investigativo e com conclusões que satisfaziam a mente. Demonstrou a uniformidade da Natureza — o parentesco entre tudo que vive e cresce, entre tudo que respira e pensa.

     Darwin, com Origem das Espécies, com suas teorias sobre a Seleção Natural — a sobrevivência dos mais aptos — e sobre a influência do meio-ambiente, derramou uma torrente luminosa sobre as grandes questões da vida animal e vegetal.

     Essas coisas haviam sido conjeturadas, profetizadas, afirmadas e insinuadas por muitos outros. Mas Darwin, com perfeito esmero, com infinita paciência e honestidade, encontrou os fatos, cumpriu as profecias e demonstrou a veracidade das hipóteses, insinuações e afirmações. Ele foi, em minha opinião, o mais arguto observador, o melhor juiz do significado e do valor de um fato, o maior Naturalista que o mundo já produziu.

     A visão teológica começou a parecer pequena e reles.

     Spencer propôs sua teoria da evolução e respaldou-a com inúmeros fatos. Colocando-se a grande altitude, com os olhos de um filósofo, de um profundo pensador, perscrutou o mundo. Ele influenciou o pensamento dos mais sábios.

     A teologia parecia mais absurda que nunca.

     Huxley tomou o partido dos darwinistas. Nenhum homem jamais teve uma espada mais afiada e um escudo mais eficiente. Ele desafiou o mundo. Os grandes teólogos e os pequenos cientistas — aqueles com mais coragem que inteligência — aceitaram o desafio. O que restou de seus pobres corpos foi carregado pelos seus amigos.

     Huxley tinha a inteligência, a dedicação, o gênio e a coragem para expressar seu pensamento. Ele foi absolutamente leal ao que julgava ser verdadeiro. Sem preconceitos ou temores, seguiu as pegadas da vida desde as formas mais simples até as mais sofisticadas.

     A teologia parecia ainda menor.

     Haeckel partiu da célula mais simples e, de mudança em mudança, de forma em forma, seguindo a linha do desenvolvimento, o caminho da vida, chegou à raça humana. Tudo isso naturalmente, sem recorrer a interferências externas.

     Li as obras destes grandes homens e de muitos outros, e me convenci de que eles estavam certos e de que os teólogos — todos os crentes da “criação especial” — estavam absolutamente errados.

     O Jardim do Éden desvaneceu; Adão e Eva viraram pó; a serpente rastejou de volta à grama; Jeová tornou-se um miserável mito.

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Por Que Sou Agnóstico? — Parte IX

Por Que Sou Agnóstico? — Parte VII

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